Os Nossos Cágados

No próximo mês de Fevereiro arranca a exposição "Os Nossos Cágados" com a inauguração marcada para o dia 1 no CMIA de Viana do Castelo. Nesta exposição podes conhecer melhor e de uma forma divertida as espécies de cágados nativos que existem em Portugal, perceber porque estão ameaçados e saber o que tu podes fazer para contribuir para a sua conservação!

Deixo-vos o vídeo promocional da exposição como forma de convite para que apareçam por Viana e nos façam uma visita! Apareçam!

Como determinar se um cágado é macho ou fêmea?

Para percebermos se estamos na presença de um cágado macho ou fêmea o que temos que fazer é pegar no animal, virar-lo ao contrário e analisar a forma do seu plastrão (parte inferior da carapaça) e a posição relativa da sua cloaca. O plastrão de uma fêmea tem uma pequena curvatura na zona da cintura e a sua cloaca fica posicionada na base da cauda, como podemos ver nas fotografias acima. Os machos, para que consigam posicionar-se correctamente durante a copula e alcançar a cloaca da fêmea, possuem a curvatura do plastrão mais acentuada que vai desde a cintura até ao peito e a cloaca numa posição mais avançada da cauda como ilustram as fotografias abaixo.

Mauremys leprosa (juvenil)

O nome científico do Cágado-mediterrânico é Mauremys leprosa , o leprosa do nome científico desta espécie está relacionado com o aspecto da carapaça de muitos indivíduos. Os cágados mais velhos têm muitas vezes a carapaça infectada por fungos não sendo possível apercebermos-nos da verdadeira cor do animal. As carapaças neste estado têm o aspecto de se estarem a desfazer como se o animal sofresse de lepra. No entanto enquanto jovens têm cores espectaculares e belos padrões no pescoço!

LIFE Trachemys

A Conselleria de medio Ambiente, Agua, Urbanismo y Vivienda - Generalitat Valenciana em parceria com o Cibio-UP, com a VAERSA, com a Aldeia - RIAS e com o Parque Biologico de Gaia, estão a desenvolver um projecto de controlo e erradicação de cágados exóticos e conservação do Cágado-de-carapaça-estriada chamado LIFE-Trachemys. O projecto tem este nome porque é financiado pelo programa LIFE+ (um instrumento financeiro para a conservação e protecção da natureza da União Europeia) e visa erradicar a populações selvagens do Cágado-da-florida (Trachemys scripta elegans).


>Grosso modo o projecto consiste na colocação de armadilhas nos charcos onde a presença do Cágado-da-florida esteja confirmada com especial enfoque nas áreas onde esta espécie se consegue reproduzir. Os cágados capturados que sejam de uma das nossas espécies autóctones serão marcados , recolhem-se alguns dados e são de novo libertados, os que sejam exóticos são retirados do ambiente onde foram introduzidos e transportados para instalações em cativeiro. Algumas das fêmeas de Cágado-de-carapaça-estriada que estejam grávidas vão ficar também cativas em instalações criadas no RIAS em Olhão até que façam as posturas. Os jovens cágados que nascerem destas posturas serão posteriormente libertados ajudando a reestabelecer as populações desta espécie ameaçada.



Com esta medida ficam protegidos durante a fase em que são mais vulneráveis aumentando assim a probabilidade de atingirem o estado adulto e contribuírem para a perpetuação desta espécie.

Mini-entrevista a Cesar Ayres - Vogal de Conservação da AHE

A&R de Portugal - Porque é que o Cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis) é cada vez menos comum? Quando continua a ser vulgar observar o Cagado-mediterrânico (Mauremys leprosa)! Têm necessidades ecológicas mais exigentes ou maior número de factores de ameaça?

Cesar Ayres - La situación de Emys orbicularis y Mauremys leprosa es similar en cuanto a los factores de amenaza, la destrucción y alteración de los medios acuaticos, la presencia de especies invasoras, la captura como mascotas.
Pero en el sur de la peninsula iberica parece como si hubiese una mayor regresion de las poblaciones de E.orbicularis, probablemente debido al uso de pequeños cauces que se ven gravemente afectados por la sequia y la extracción de agua. Sin embargo Mauremys alcanza mayores densidades, ocupando practicamente todo tipo de masas de agua, naturales o artificiales, incluso las altamente modificadas. Sin embargo cuanto mas al norte vayamos parece que la situacion se invierte, M.leprosa tiene menores densidades, y E.orbicularis parece adaptarse mejor al habitat.
Sobre este tema son importantes los trabajos de Pedro Segurado, que ha estudiado poblaciones en el Sur de Portugal donde conviven ambas especies, los resultados sugieren que E.orbicularis prefiere masas de agua con poca corriente, abundante vegetacion y fondos arenosos. Sin embargo M.leprosa no parece ser tan exigente. Y parece que la convivencia de ambas especies tendria un efecto negativo sobre las poblaciones de E.orbicularis, aunque habria que comprobarlo en otras zonas de su area de distribucion. Cuanto mas heterogeneo sea el habitat, mayores posibilidades de que la masa de agua albergue a ambas especies de galapagos.

Mauremys leprosa

Fotografia de um Cágado mediterrânico tirada em Castelo Branco (Monforte da Beira).
Cágado ou tartaruga? Qual a diferença? Pois bem! Existem tartarugas marinhas, terrestres e de água doce. Cágados são tartarugas de água doce! Em Portugal existem duas espécies de cágados: o mediterrânico e o de carapaça estriada. Cinco espécies de tartarugas marinhas nadam junto à nossa costa e só as tartarugas terrestres é que não estão representadas na nossa herpetofauna.
As tartarugas são famosas pela sua longevidade e os nossos cágados não fogem à regra podendo viver até trinta e cinco anos!!

Posse ilegal de animais selvagens - Mauremys leprosa

Fotografias de dois cágados mediterrânicos e do pequeno lago onde se encontravam cativos tiradas em V. N. Famalicão (Ribeirão).
A captura e posse de animais selvagens é uma prática comum no norte do país. As tradicionais gaiolas para melros com tubo de rede , o também tradicional saque de ninhos de corvideos e rapinas, e mais uma quantidade enorme de disparates que as pessoas acabam por fazer por ignorarem a melhor maneira de estar em contacto com a natureza!!
Após denuncia, estes cágados foram recolhidos pelo SEPNA e levados para o Parque Biológico de Gaia, tendo sido levantado um auto policial ao condomínio dos prédios onde se encontravam . Neste momento estão num processo de recuperação para que se possível sejam restituídos à natureza.